segunda-feira, 12 de outubro de 2009

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Oração do Agradecimento
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Meu Deus, eu gostaria de dizer-te que eu amo a vida
Que para mim é bela e é consentida
Muito obrigado pelo que me deste, pelo que me dás
Muito obrigado pelo ar, pelo pão, pela paz
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Muito obrigado pela beleza,
Que os meus olhos veem no altar da natureza
Olhos que fitam o céu, a terra e o mar
Que acompanham a ave ligeira,
Que voa fagueira pelo céu de anil
E se detém na terra verde salpicada de flores em tonalidades mil
*
Muito obrigado ó Senhor
Porque eu posso ver meu amor
Mas diante da minha visão eu detecto cegos
Que tropeçam na escuridão,
Que andam na solidão,
Que choram na multidão,
Por eles eu oro e a Ti imploro comiseração
Porque eu sei que depois dessa lida,
Na outra vida, eles também enxergarão
*
Muito obrigado pelos ouvidos meus
Que me foram dados por Deus
Ouvidos que ouvem a música do cancioneiro
A música do povo, que desce do morro, na praça a cantar
A melodia dos imortais que a gente ouve uma vez e não esquece nunca mais
A voz melodiosa, canora, melancólica do boiadeiro
e a dor que geme, que chora no coração do mundo inteiro
*
Pela minha faculdade de ouvir,
Pelos surdos eu te quero pedir
Porque eu sei que depois dessa dor
No teu reino de amor voltarão a sentir
*
Obrigado pela minha voz e pela sua voz
Pela voz que ama, que canta,
Que alfabetiza, que ilumina,
Que legisla, que trolteia uma canção
Pela voz que Teu nome profere por sentir a emoção
Diante da minha melodia eu quero rogar por aqueles que sofrem de afazia
Que não cantam de noite, que não falam de dia
Porque eu sei, que depois dessa prova, na vida nova, eles cantarão
*
Obrigado pelas minhas mãos
Pelas mãos que aram, que semeiam, que agasalham
Mãos de ternura, que libertam da amargura
Mãos que apertam mãos, mãos de caridade, de solidariedade
Mãos dos adeuses, que limpam feridas,
Que enxugam lágrimas, suores das vidas
Que atendem a velhice, a dor, o desamor
Pelas mãos que no seio embalam o corpo de um filho alheio sem receio
*
Pelos pés que me levam a andar, sem reclamar
Muito obrigado Senhor, porque eu posso caminhar
Diante do meu corpo perfeito
Eu Te quero louvar e rogar por aqueles que são
Mutilados, aleijados, deformados, paralizados e não podem andar
Eu oro por eles porque eu sei que depois desta reencarnação
Eles poderão outra vez bailar
*
Muito obrigado pelo meu lar, é tão maravilhoso ter um lar
Não é importante se este lar é uma mansão ou uma tapera,
um ninho ou uma casa na favela, um bangalô, um grabato de amor
seja lá o que for, mas que dentro dele exista a figura do amor
Amor de mãe ou de pai, de mulher ou de marido, de filho ou de irmão,
A presença de um amigo, alguém que nos dê a mão,
Pelo menos a companhia de um cão,
Porque é muito doloroso viver na solidão
*
Mas se eu a ninguém tiver para me amar,
Nem um teto para me agasalhar,
Nem uma cama para repousar,
Nem aí reclamarei, porque eu Te tenho a Ti
E quero dizer-Te Obrigado Senhor porque eu nasci
Muito Obrigado porque eu creio em Ti
Pelo Teu amor, Obrigado Senhor.
*
*
Por Amélia Rodrigues/Divaldo Pereira Franco

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