segunda-feira, 2 de agosto de 2010

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Nota ao Leitor
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(...) Sabemos equilibrar a circulação do sangue
para garantir a segurança do ciclo cardíaco,
mas ignoramos como libertar o coração do
cárcere de sombras em que jaz,
muitas vezes mergulhado na poça das lágrimas,
quando não seja algemado aos monstros da delinquência.
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Identificamos a neurite óptica com eliminação progressiva
dos campos visuais, e medicamo-la com a
vantegem possível, na preservação dos olhos;
entretanto, desconhecemos como arrancar
a visão às trevas do espírito.
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Ofertamos braços e pernas artificiais aos mutilados;
contudo, somos francamente incapazes
de remediar as lesões do sentimento.
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Interferimos com vasta margem de êxito
nos processos patológicos
das células nervosas, auscultando as deficiências
de vitaminas e enzimas, que ocasionam a
diminuição da taxa metabólica do cérebro;
todavia, estamos inabilitados a qualquer anulação
dos síndromes espirituais de
aflição e desespero que agravam a psicastenia e a loucura.
*
Achamo-nos convictos de que a hidrocefalia congênita provém
da acumulação indébita do líquido céfalo-raquidiano,
impondo dilatação no espaço por ele mesmo
ocupado na província intracraniana; no entanto,
não percebemos a causa fundamental que a provoca.
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Ainda assim, não voltamos para confabular com aqueles
que se sintam acomodados ao desequilíbrio.
(...)
Se não sentes o frio da noite sobre o revolto
mar das provações humanas,
entorpecido na ilusão que te faz escarnecer da própria verdade,
nossa lembrança em tuas mãos traz errado endereço.
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Mas se guardas contigo o estigma do sofrimento,
indagando pela solução dos velhos problemas do ser e da dor, se percebes a nuvem que prenuncia a tormenta e o vórtice traiçoeiro das ondas em navegas, vem conosco!...
Estudemos a rota de nossa multimilenária romagem no tempo para sentirmos o calor da flama de nosso próprio espírito a palpitar imorredouro na Eternidade e, acendendo o lume da esperança, pereberemos, juntos, em exaltação de alegria,
que Deus, o Pai de Infinita Bondade,
nos traçou a divina destinação para além das estrelas.
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Evolução em Dois Mundos,
de André Luiz.
- Nota ao leitor -
Uberaba, 23.07.1958
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